domingo, 27 de maio de 2007

Tou louca


Ai, cansei... Essa coisa toda do dia-a-dia me deixa frustrada.
Quando eu acordar amanhã, não quero ver a vida do mesmo jeito. Literalmente. Desejo olhos de artista: quero tudo do avesso, para conseguir perceber o mundo de verdade, como um quadro de efeito 3D, coisa altamente consumível.
Distinguir nuanças de cores impossíveis e texturas subjetivas. Possíveis apenas para a ótica subversiva de um artista.

Cansei de ser só leitora-admiradora, hoje eu quero por que quero ser a poetisa...
Aliás,
Quero despertar dessa letargia que toma conta das minhas reações... levantar
e sacudir toda a crosta de poeira alienista que me cobre, num ato de profundo desprezo e recusa minha por essa maneira passiva de (sobre)viver, de alguém com 19 anos, classe média-rumo-à extinção, Que fez muito pouco no final das contas só para que, pelo menos por um dia, não haja mais nos jornal o crime coletivo de cada dia.... Que os pequenos não apareçam na escola só para comer a merenda, ou namorar o colega... e a corrupção não seja mais o jeitinho brasileiro de ser.
.
Eu quero desconfiar do noticiário, até rir da cara do âncora- cara branca maquiada com pó-de-arroz... Só para sentir prazer em incitar qualquer coisa, nem que seja meu próprio descontentamento. Sentir o amargo na boca... do estômago.

Tou loca...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Mas hein?

Pessoalmente, queria viver o que eu chamo de “ilusão” de saber exatamente quem eu sou. Mesmo não estando muito certa disso...
Eu sinto uma invejinha quando eu abro aqueles perfis cheios de verbos conjugados na primeira pessoa do singular...
com frases arrematadas com significativos ponto final.
Sim, sim, sim... quem me dera.
E essa é a razão pela qual meu perfil sempre muda, como observou dona Núbia.
Depois eu paro e reconheço que simplesmente não me adaptaria.
Não conseguiria nunca..
Sabe o que é:
Se nesse momento eu estou experimentando mais vida... , mesmo que entrelinhas isso seja “chegar à conclusão de que nada vale a pena ou inventar novas barreiras para realização dos meus sonhos...” , ( como disse Maria Rita: é a vida...) logo, eu não sou mais a mesma. Estou diferente. Posso estar sofrendo com meus velhos medos ou simplesmente ter chutado o balde e estar fazendo o que teoricamente eu não deveria fazer a cinco ruas da minha casa... Se houve uma reviravolta, eu mudei...( hehehe, calma Luana brincadeira! Foi só pra criar um clima...)
Num momento eu sei quem eu sou, no parágrafo seguinte, quem saberá?

Mas de uma coisa eu estou certa
Se imagino que, por qualquer razão que seja, não puder mais alternar roupas hippies e yuppies, ... e botar num ouvido trance e no outro whitesnake... sinto como se o melhor de mim, ou ainda, o maior de mim tivesse sido anulado.
Eu preciso ser tudo o que eu posso ser... - mesmo não sendo - e não o que penso que sou. Ou o que me fazem acreditar que sou... Ou ainda: o que querem que eu seja... ou o que pensam que eu sou.. Não apenas...

Por que no fim não é ser o quem, mas o que...
E isso é uó! É o k... ops! sou uma mocinha: é o que há...


( Este texto foi livremente inspirado no perfil cheio de pontos final da minha biotecnóloga preferida... ou microbióloga, como disse alguém certa vez... )


“Isso de querer
ser exatamente aquilo que
a gente é
ainda vai
nos levar além”

incenso fosse música por
Paulo Leminski - findo marginal autêntico e samurai nas horas vagas

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Ato maquinal

Tomei o café da manhã sem fome, alguém acordado às sete – e às pressas- não acorda o suficiente ao menos para sentir fome.

E de volta para o meu quarto olhei pela janela. Olhei por olhar mas sabe quando a coisa é tão óbvia que salta diante dos olhos?
O dia amanhecendo... é bonito ver os raios do sol ainda suaves rebentando contra as paredes e telhados. Toda a visão é tomada por um sentimento inebriante e tão forte, como se alguém lá em cima derramasse um balde de luz fulminante sob a terra, pra encher tudo mesmo, e afogar todos nós, verdadeiros ‘nada’ nessa imensidão furiosa de luz suave.

E eis que o amanhecer me olha nos olhos- ou não seria o próprio tempo?- ( ri da minha cara ) e me força a admitir algo que até então eu tento ignorar: Meu solene cansaço....

Sim, senti toda a impotência e antipatia que poderia diante da imaturidade de alguém. Sabe quando você tinha a melhor das intenções e a pessoa simplesmente não percebeu isso? Ou fingiu que não? Pois é.
Poderia ser ignorância, não que imaturidade não seja uma, mas se tratando de quem é... não consigo crer em uma ignorância pura e aplicada. Não nessecaso. E isso me dá ganas de urrar!

É, tudo não deu em porcaria nenhuma. Me sinto idiota. Pior: sinto a melhor parte de mim maculada, manchada pra sempre. Por quê? Por quê? Alguém me diz!
Xinguei. Xinguei mundos e fundos... liguei o “fodas”!
Pensei em me vingar. E no final, não fiz nada. Pra quê? E o quê poderia ser feito nessas alturas? Apenas respirei fundo e voltei ao marasmo da minha realidade. Findo o surto explosivo, eu sou eu outra vez.... é só.

Mas é.

Um amanhecer serve para isso mesmo. Acordar. Lógico, mas não tão óbvio. Ou então seria fácil perceber que é só mais um dia que começa, entre milhares de outros que virão - milhares mesmo: neles nem a minha mísera lembrança, pra bem ou pra mal, vai persistir em qualquer coração, e que exatamente por isso não há motivo para qualquer manifestação de minha parte; que as coisas não tem as dimensões que eu sempre acho que elas têm... e eu Winie nunca vou compreender de verdade os motivos alheios... assim, só de olhar pela janela.

Bobeira me esquentar: a gente passa, e o amanhecer sempre vai inundar tudo, indiferente aos nossos dilemas microscópicos em relação ao sol, graças a Deus!
Só de pensar na impossibilidade de possibilidades que um novo dia promete...
Sou poeira no vento.

domingo, 13 de maio de 2007

OVNI ( Ferreira Gullar )

"Sou uma coisa entre coisas
o espelho me reflete
Eu (meus
olhos)
reflito o espelho

Se me espalho um passo
o espelho me esquece:
- reflete a perede
a janela aberta

Eu guardo o espelho
o espelho não me guarda
( eu guardo o espelho
a janelaa parede
rosa
eu guardo a mim mesmo
refletido nele):

sou possivelmente uma coisa onde o tempo deu defeito."

Gullar , Ferreira in "Na vertigem do dia"

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Quando eu era uma criança desejava muito crescer... por todos os motivos que uma criança encapetada deseja crescer “logo”, entre eles poder : ostentar os cabelos no comprimento que eu decidisse, seriam tão longos quanto eu desejasse...
Eu só usava cabelos curtos! Nem precisa dizer que não era por opção
Quando eu olho uma fotografia da minha infância –coisa mágica uma fotografia- eu mal posso acreditar na cor e no brilho que meu cabelo tinha: pretíssimo, brilhante... e imaginem lisos!
De tudo se manteve a cor... e só.
Não lembro a partir de quando comecei a ter controle sobre meu cabelo.
Já tive cabelo grande... mas por algum motivo, a Winie criança ainda não se sentiu realizada.
Ainda espera pelos cabelos compridos do jeito que desejava.
Será um trauma? Pode ser... um trauma leve e bobo. Ou pode ser o simples fato de que meu cabelo não é definitivamente o mesmo. De madeixa em madeixa tornou-se um cabelo rebelde, aparecido, cheio de caprichos voluptuoso... gosto de dizer: Exuberante! Cai bem, não cai?
Independente do que seja, agora, do alto dos meus quase vinte anos, desejo ter os cabelos curtos.
Curtos, pretinhos, que nem os de um “play mobil”.
Quero e é só. Que diria meu passado se descobrisse o que deseja meu presente? .... Num quero nem imaginar. Por falar nisso, cada dia imagino uma cor diferente para meus cabelos: vermelho escuro, castanho chocolate... um dia faço mechas rosa, azul claro, escuro.. vermelho intenso, roxo. Será que realmente “ agente nunca está satisfeito?” Bobagem. ( Quer dizer, eu não me esqueci do toque psicanalístico que me deram, só não é meu caso.) Isso é excesso de uma criatividade que atravessa membranas, osso, pele e vai se instalar mais em cima, na raiz.
Estou entre a menina grande querendo ser de novo a pequena, só para tentar esquecer ... e a menina pequena precisando de alguém maior que ela.
É melhor esperar. Enquanto isso nós crescemos, deixo o cabelo para lá.