sábado, 18 de julho de 2009

Pelas tardes azuis do Verão, irei pelas

sendas,

Guarnecidas pelo trigal,

pisando a erva miúda:

Sonhador, sentirei a

frescura em meus pés.

Deixarei o vento banhar

minha cabeça nua.

Não falarei mais, não

pensarei mais:

Mas um amor infinito me

invadirá a alma.

E irei longe, bem longe,

como um boêmio,

Pela natureza, - feliz

como com uma mulher.

Se a natureza apaixonada acorda

Ao quente afago do celeste amante,
Diz!... Quando em fogo o teu olhar transborda,
Não vês minh'alma reviver ovante?

domingo, 12 de julho de 2009

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?


(...) é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!

... no entanto
eu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.


POEMA TRANSITÓRIO - MÁRIO QUINTANA