terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Eu estava caminhando

Estava armando chuva
Engraçado como momentos em que o céu se turva de cinza e se prepara para molhar a Terra estão para mim tão relacionados a uma só coisa: a saída da escola.
Era o vento úmido de arrepiar o cabelo, levando as folhas como se tivessem vida.
A coisa toda da escola. Aquela gritaria ambiente. Conversação faladeira de sempre. As mães apressando os filhos, as mochilas se distanciando (e com elas o barulho das vzes), as sombrinhas cor-de-rosa.
Os doces, os salgados; alívio, o machucado, o suor o cansaço.
E eu que não sabia que todo mundo passa por isso. Pra mim, era tudo soltar o cabelo nessas horas de vento abundante.
Naquela época eu era igual.

Agora despenca a tempestade.
Minutos atrás eu me dirigia à padaria. Minutos atrás passou correndo por mim uma coisa loura encaracolada. Lourinha. Coisinha.
Um bermdão azul a passar-lhe os joelhos, um uniforme cinza. E os caixinhos, coisa bem viva. Minutos atrás, foram segundos. E dois borrões vermelhos com uma voz estridente e suave ao mesmo tempo: "Oi, Vermelhooooo!"

Que um barulhinho desses me trouxesses de volta à realidade, eu não sabia. E já nem lembro no que pensava.
E a coisinha de fato passava por mim num segundo e me ultrapassava no outro. Aos pulos. Os dois borrões, dois balões já meio murchos.
Me identifiquei: vermelhos, murchos, levados por um entusiasmo inafntil, externo.
Eu alheio.

Que o chão fosse de concreto desgastado, moído, estourado, cheio de pedrinhas?
A coisa não se importava. Eu também não me importaria. Só me importo hoje, encolhida analisando meus próprio joelhos, procurando aquelas velhar marcas, sob marcas.E daí?
E quando a coisa encontrou outra coisa levada pela mão por uma mão de mãe, quase esfregou os dois borrões no rostinho assutado, soltando a mesma frase.Num ímpeto, num susto.
Sem parar de pular.



Ah, sim... A coisinha me fez rir essa hora.

Ela me fez rir. E andar e rir as gargalhadas, sozinha ao som de trovoadas e cisco para todo lado, não é coisa que se faça, acho, muitos me olharam.
E isso me fez pensar que talves para a coisinha eu fosse meuito velha, para os que me olhavam com estranheza, apenas ainda jovem.

Mas eu juro que só tenho 19 anos.