quinta-feira, 24 de abril de 2008




Mas quem sou eu?
Esse caráter esquisito
Te escrevendo versos de amor
para falar de desejo.
Te escrevendo versos de amor
para expressar tão somente a falta desse elemento.

Quero rir de increduliade!

E você ainda diz sorrateira...
que (ainda) sente saudades

Mentira
o que sentes é vontade...
de mim.

sábado, 5 de abril de 2008

Se me caso com um, se me nega o outro.

Mas eles têm a mesma graça.
E o mesmo ofício.

Os olhos de um não superam o sorriso do outro.
Idades diferentes.
Gostos idem.

Homens que são como flores
E se um é lírio, outro é rosa,
(Impossível saber quem é mais clássico).

Se ligam ao mesmo edifício, os conheci em situações semelhantes.
E ambos me fazem pecar:
Com um sou a protagonista do erro, com outro coadjuvante ativa.
E me fazem sentir que não conseguiria sem o amor companheiro de um, e o desejo ardente de outro.
E assim, não se igualam a mais ninguém.

Quem me pode ser tão essencial que me impeça de viver sem sabê-lo perto,
Se um está ao meu lado e o outro está distante, mesmo que fisicamente seja o contrário?

Mas é só o que compartilham?
Me são idênticos na incerteza,
E no medo, não possuo nenhum.

Mas preciso da beleza de um e sua urgência
Sem jamais,
jamais abrir mão da perspicácia e do valor do outro.


Unidos pela mesma graça.

E eu te procuro mais uma vez
Entre as prateleiras das estantes.
Ávida, por entre páginas brancas correndo aos meus olhos.

Te procuro em sonetos,
sei que te familiariza com eles
Em sentimentos que não sei nomear.

Quem é este homem?
Existe?
Quem é o homem que procuro,
de quem são estes olhos negros, que me perseguem
este sangue cigano tão estranho ao teu sangue judeu.

Onde está o cavalo, o teu, negro como a noite, beduíno do deserto?
Que notícias trazes do vento escultor das dunas,
Cruzaste a rota do sal sob as estrelas?
Acaso prendes teus pensamentos sob um turbante?

Onde estás tu?

Mas você de verdade:
És tão medíocre, tão distante.
Demasiado distante desse homem... mas por que o vejo em você?
Por que penso ser tu o condenado a me salvar?
Tu me deixas mesmo ao alcance de todas estas coisas?

Às vezes quero matar-te.
Para que se apague a luz dos teus olhos, eternamente, sem chance de volta.
Para que meu desejo seja definitivamente impossível.

Mas aí sei,
Sou eu quem deve morrer