Deixe eu contar aqui o episódio de um menino...

... que vem todos os dias à biblioteca.
Ele vem quando deveria estar na sala de aula com os demais alunos da sua classe.
Vem e se deixa ficar.
E , embora venha todos os dias,
Natanael não sabe ler.
Ele é negro e mais velho que os outros alunos. Tem o meu tamanho, mas o rosto ainda conserva as os traços infantis; suas vestes são sempre rotas, grandes de uma maneira suspeita... e nem seu uniforme - porque saui de linha- é igual ao dos demais...
Seu olhar difícil é maculado por qualquer coisa...íntima, oculta e ao mesmo tempo indiscreta: grita!
Tem uma navalha em seu sorriso humilde, sincero e ... tristíssimo.
Se despede brincando, e olha para traz com o olhar cheio de cores...
( Não me atrevo a dizer que ele as rouba dos livros e revistas, jornais e as leva para sua própria vida, porque o justo é dizer que são as cores que o atraem até aqui. )
Natanael, santo Deus, que fiz eu para ter que sustentar um olhar como o teu?
1 Comentários:
Muito bonito, mana. Bem lírico!
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